É de senso
comum constatar que o grau de violência aumentou, e muito, nas escolas
brasileiras nos últimos tempos. Trata-se de uma violência interpessoal, que
ocorre no espaço institucional escolar.
A violência dos jovens é uma das formas mais
visíveis na sociedade, embora não deva ser abordada isoladamente. Presenciar
violência em casa ou ser abusado física ou sexualmente pode ser um pressuposto
para que crianças e adolescentes considerem a violência um meio apropriado para
resolver problemas. A exposição a conflitos armados circunscritos condiciona a
uma cultura de força. A participação em brigas físicas, em bullyings, ou o
porte de armas são comportamentos de risco para a violência juvenil (OMS).
A escola é
uma das principais instituições normativas da sociedade. No
conjunto das representações coletivas (ideias comuns), responsáveis pelo
controle social sobre as condutas dos indivíduos, destacam-se os valores éticos.
Quando esses valores se desvalorizam, a sociedade passa a viver um período de
anomia (termo utilizado por Durkheim para expressar os períodos de crise moral,
que se traduzem pela falência do ordenamento social). O resultado deste
processo tem sua expressão no aumento da violência, da insegurança, da
corrupção e da falta de autoridade (M. Godoy Prudente).
Procuremos delinear, em grandes linhas, a crise
moral da cultura brasileira, que se reflete na instituição escolar.
Generalizando, pode-se dizer que a sociedade tinha um caráter tradicional. Era
“baseada na crença cotidiana na santidade das tradições...e na legitimidade
daqueles que representam a autoridade” (M. Weber). Este domínio tradicional foi
contestado pelo populismo socializante. A oligarquia se sentiu ameaçada (em sua
essência) e saiu em defesa de seus valores, através da “Marcha da Família com
Deus pela Liberdade” (1964). Foi a massa
de classe média conservadora que facilitou a intervenção militar, pondo abaixo
o edifício institucional desenhado pela Constituição de 46. Tinha início
a Ditadura, com o exercício da violência excessiva e sem legitimidade. O regime
militar cedeu o poder aos civis, mas a figura conciliadora de Tancredo Neves
desapareceu tragicamente. A Constituição de 1988 foi redigida com um excesso de
políticas públicas e sociais. Configurou-se uma ordem disfuncional: uma estrutura
federativa irracional e um Estado autocentrado com instituições
superdimensionadas (Floriano Azevedo). Instituiu-se a Democracia, consagrando o
seu bem supremo, a liberdade.
Como
explicar a consequente desconsolidação republicana e civilizatória do país,
envolvendo a escola? A
degeneração da democracia em licença leva seus cidadãos a não respeitar quaisquer
limites, de forma a não se submeter a nenhuma autoridade (Platão). Conclui,
dialeticamente, que a reação a este excesso de liberdade só pode ser o
autoritarismo.
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