domingo, 2 de setembro de 2018

A VIOLÊNCIA NA ESCOLA


É de senso comum constatar que o grau de violência aumentou, e muito, nas escolas brasileiras nos últimos tempos. Trata-se de uma violência interpessoal, que ocorre no espaço institucional escolar.

 A violência dos jovens é uma das formas mais visíveis na sociedade, embora não deva ser abordada isoladamente. Presenciar violência em casa ou ser abusado física ou sexualmente pode ser um pressuposto para que crianças e adolescentes considerem a violência um meio apropriado para resolver problemas. A exposição a conflitos armados circunscritos condiciona a uma cultura de força. A participação em brigas físicas, em bullyings, ou o porte de armas são comportamentos de risco para a violência juvenil (OMS).

A escola é uma das principais instituições normativas da sociedade. No conjunto das representações coletivas (ideias comuns), responsáveis pelo controle social sobre as condutas dos indivíduos, destacam-se os valores éticos. Quando esses valores se desvalorizam, a sociedade passa a viver um período de anomia (termo utilizado por Durkheim para expressar os períodos de crise moral, que se traduzem pela falência do ordenamento social). O resultado deste processo tem sua expressão no aumento da violência, da insegurança, da corrupção e da falta de autoridade (M. Godoy Prudente).

 Procuremos delinear, em grandes linhas, a crise moral da cultura brasileira, que se reflete na instituição escolar. Generalizando, pode-se dizer que a sociedade tinha um caráter tradicional. Era “baseada na crença cotidiana na santidade das tradições...e na legitimidade daqueles que representam a autoridade” (M. Weber). Este domínio tradicional foi contestado pelo populismo socializante. A oligarquia se sentiu ameaçada (em sua essência) e saiu em defesa de seus valores, através da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” (1964).  Foi a massa de classe média conservadora que facilitou a intervenção militar, pondo abaixo o edifício institucional desenhado pela Constituição de 46. Tinha início a Ditadura, com o exercício da violência excessiva e sem legitimidade. O regime militar cedeu o poder aos civis, mas a figura conciliadora de Tancredo Neves desapareceu tragicamente. A Constituição de 1988 foi redigida com um excesso de políticas públicas e sociais. Configurou-se uma ordem disfuncional: uma estrutura federativa irracional e um Estado autocentrado com instituições superdimensionadas (Floriano Azevedo). Instituiu-se a Democracia, consagrando o seu bem supremo, a liberdade.

Como explicar a consequente desconsolidação republicana e civilizatória do país, envolvendo a escola?  A degeneração da democracia em licença leva seus cidadãos a não respeitar quaisquer limites, de forma a não se submeter a nenhuma autoridade (Platão). Conclui, dialeticamente, que a reação a este excesso de liberdade só pode ser o autoritarismo.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário